A revolução tecnológica chegou ao Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA) por meio da cirurgia robótica em pacientes oncológicos. Na primeira etapa, foi priorizada a clínica de cabeça e pescoço, pelo fato de essas cirurgias resultarem um alto índice de mutilações, nos casos mais graves, quando utilizado o método convencional.
Com o robô, grandes cortes, cicatrizes profundas, hemorragias severas e dores pós-operatórias serão minimizadas pela técnica que possibilita movimentos minuciosos e rotações em 360º na retirada de tumores malignos. Além disso, as possibilidades de complicações no pós-operatório são menores. Até o momento, seis pacientes foram submetidos com sucesso ao novo procedimento.
O diretor-geral do INCA, Luiz Antônio Santini explica que o principal benefício é o conforto para o paciente. ?Agora é possível fazer cirurgias de grande porte por menores vias de acesso, criando um pós-operatório mais suave e sem procedimentos complementares?.
O robô usado nas cirurgias é o primeiro da rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS), no país. Santini ressalta que faz parte dos desafios do INCA buscar soluções tecnológicas no campo da assistência oncológica, além de manter o alto padrão de serviços prestados pela Instituição, que atravessa um entrave em seu modelo de gestão e corre o risco de perder a força que vem permitindo avanços técnicos-assistenciais.
?O INCA vai desenvolver a capacidade de uso desse recurso com protocolos específicos em câncer no âmbito do SUS. Dessa forma, a Instituição poderá validar a cirurgia robótica na atenção oncológica e, posteriormente, avaliar sua eficácia para novas incorporações na rede pública?, explica Santini.
O chefe do serviço de cabeça e pescoço do INCA, Fernando Dias, explica que a cirurgia robótica possui vantagens, como a melhor visualização da área a ser operada e preservação de órgãos e tecidos próximos ao tumor.
?A cirurgia robótica tem grandes benefícios como a redução do tempo da operação e cortes bem pequenos. Além disso, as complicações no período pós-cirúrgico são bem menores, quando comparada aos procedimentos convencionais, fazendo com que os pacientes não sofram com dores fortes ou processos infecciosos?, afirma o médico.
O especialista explica que os movimentos do robô são muito precisos e suas pinças cirúrgicas não tremem, ao contrário da mão humana. Além disso, movimentos em 360 graus são possíveis com o aparelho, possibilitando maior liberdade de atuação na área lesionada. Todos os procedimentos são comandados por uma equipe do INCA, que participou de treinamentos em centros internacionais com experiência nessa técnica. No Instituto, o robô também será utilizado no desenvolvimento de protocolos de cirurgias de câncer ginecológico, de próstata e de abdômen, de acordo com cada indicação clínica.
Tecnologia de ponta no SUS - O sistema comprado pelo INCA é o equipamento Da Vinci Surgical System, desenvolvido pela Intuitive Surgical, empresa que lidera a tecnologia de robótica aplicada em cirurgias minimamente invasivas e, no Brasil, é representada pela H. Strattner. Trata-se do mesmo aparelho que os hospitais privados paulistanos Albert Eisntein, Sírio-Libanês e Alemão Oswaldo Cruz possuem ? os únicos até então no país a operar com a tecnologia. O robô é composto por um console, um conector com o paciente e monitor de imagens em três dimensões.
O investimento do Ministério da Saúde na aquisição do robô foi de R$ 5 milhões, tendo em vista que instalar a tecnologia engloba treinamento qualificado das equipes envolvidas, assim como adequações do centro cirúrgico, instalação e assistência técnica permanente.
O INCA, por ser o primeiro órgão do SUS a adquirir a tecnologia, vai atuar como um multiplicador de conhecimento em cirurgia robótica no SUS, com o objetivo de treinar profissionais de outras unidades públicas. A inovação tecnológica também faz parte das celebrações pelos 75 anos do Instituto.
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