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Genérico eleva deficit
26/05/2011 08:52:13
O programa de medicamentos genéricos, criado em 1999, ampliou o acesso da população a medicamentos, mas produziu efeitos colaterais na economia.
Sem um programa de investimento em pesquisa e inovação para desenvolver a indústria farmacêutica, o Brasil se tornou dependente de insumos importados.
O deficit na balança comercial (diferença entre importação e exportação) do complexo industrial da saúde cresceu 167% desde 1999. Passou de US$ 1,98 bilhão para US$ 5,29 bilhões (R$ 8,6 bilhões) no ano passado.
O complexo inclui insumos farmoquímicos (princípios ativos, principal matéria-prima de uma droga), medicamentos prontos, vacinas e material de diagnóstico.
A importação de farmoquímicos manteve-se estável de 1999 até 2006, quando muitas fábricas de genérico entraram em funcionamento.
Entre 2006 e 2010, a importação de insumos mais que dobrou, para US$ 2,36 bilhões (contribuindo para o deficit com US$ 1,85 bilhão).
No mesmo período, a importação de medicamentos acabados saltou de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,2 bilhões (deficit de US$ 2,3 bilhões).
A venda de genéricos cresce 30% ao ano, ritmo mais acelerado do que o da venda de medicamentos de referência. E, até 2014, 280 patentes vão vencer, estimulando o mercado de genéricos.
Porém, mais de 90% dos princípios ativos usados no país vêm de fora, principalmente da Índia, segundo a Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica).
VENDAS
Como não há como substituir a importação de medicamentos prontos, de alta tecnologia e protegidos por patentes, o Ministério da Saúde criou programa para estimular a produção local de princípios ativos e vacinas.
O programa, que usa o poder de compra do governo, começou em 2009 e os primeiros resultados estão saindo dos laboratórios.
Dos R$ 10 bilhões (US$ 6,1 bilhões) que o governo adquire em medicamentos e vacinas por ano, R$ 2,5 bilhões serão comprados de laboratórios como Cristália, Libbs, Globe, Nortec e Genvida. A maior parte dos medicamentos é para tratamento de Aids e câncer.
Em 2012, as compras de laboratórios nacionais devem saltar para R$ 3,5 bilhões. Isso levará a economia de US$ 700 milhões na conta das importações, diz o ministério.
FINANCIAMENTO
Além do contrato garantido com o governo, os laboratórios recebem financiamentos para pesquisa. "O desafio do setor hoje é aliar a política de acesso a uma política de desenvolvimento tecnológico", diz Carlos Gadelha, secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde.
O Brasil possui 98 fabricantes de genéricos. A maioria funciona como "montadora". Importa produtos prontos ou semiprontos e embala no Brasil.
Para os fabricantes, contudo, sem o programa, o deficit poderia ser ainda maior.
"Hoje importamos commodities. Sem o genérico, estaríamos importando mais medicamentos acabados", diz o presidente da Pró Genéricos, Odnir Finotti.
Para o diretor da Protec, Roberto Nicolsky, a falta de um programa para estimular a produção de princípios ativos, como fez a Índia, é o grande "defeito" da lei dos genéricos.
"O Brasil não só não desenvolveu uma indústria farmoquímica como perdeu conteúdo. Deixou, por exemplo, de fabricar antibióticos."
Sem um programa de investimento em pesquisa e inovação para desenvolver a indústria farmacêutica, o Brasil se tornou dependente de insumos importados.
O deficit na balança comercial (diferença entre importação e exportação) do complexo industrial da saúde cresceu 167% desde 1999. Passou de US$ 1,98 bilhão para US$ 5,29 bilhões (R$ 8,6 bilhões) no ano passado.
O complexo inclui insumos farmoquímicos (princípios ativos, principal matéria-prima de uma droga), medicamentos prontos, vacinas e material de diagnóstico.
A importação de farmoquímicos manteve-se estável de 1999 até 2006, quando muitas fábricas de genérico entraram em funcionamento.
Entre 2006 e 2010, a importação de insumos mais que dobrou, para US$ 2,36 bilhões (contribuindo para o deficit com US$ 1,85 bilhão).
No mesmo período, a importação de medicamentos acabados saltou de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,2 bilhões (deficit de US$ 2,3 bilhões).
A venda de genéricos cresce 30% ao ano, ritmo mais acelerado do que o da venda de medicamentos de referência. E, até 2014, 280 patentes vão vencer, estimulando o mercado de genéricos.
Porém, mais de 90% dos princípios ativos usados no país vêm de fora, principalmente da Índia, segundo a Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica).
VENDAS
Como não há como substituir a importação de medicamentos prontos, de alta tecnologia e protegidos por patentes, o Ministério da Saúde criou programa para estimular a produção local de princípios ativos e vacinas.
O programa, que usa o poder de compra do governo, começou em 2009 e os primeiros resultados estão saindo dos laboratórios.
Dos R$ 10 bilhões (US$ 6,1 bilhões) que o governo adquire em medicamentos e vacinas por ano, R$ 2,5 bilhões serão comprados de laboratórios como Cristália, Libbs, Globe, Nortec e Genvida. A maior parte dos medicamentos é para tratamento de Aids e câncer.
Em 2012, as compras de laboratórios nacionais devem saltar para R$ 3,5 bilhões. Isso levará a economia de US$ 700 milhões na conta das importações, diz o ministério.
FINANCIAMENTO
Além do contrato garantido com o governo, os laboratórios recebem financiamentos para pesquisa. "O desafio do setor hoje é aliar a política de acesso a uma política de desenvolvimento tecnológico", diz Carlos Gadelha, secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde.
O Brasil possui 98 fabricantes de genéricos. A maioria funciona como "montadora". Importa produtos prontos ou semiprontos e embala no Brasil.
Para os fabricantes, contudo, sem o programa, o deficit poderia ser ainda maior.
"Hoje importamos commodities. Sem o genérico, estaríamos importando mais medicamentos acabados", diz o presidente da Pró Genéricos, Odnir Finotti.
Para o diretor da Protec, Roberto Nicolsky, a falta de um programa para estimular a produção de princípios ativos, como fez a Índia, é o grande "defeito" da lei dos genéricos.
"O Brasil não só não desenvolveu uma indústria farmoquímica como perdeu conteúdo. Deixou, por exemplo, de fabricar antibióticos."
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