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A cada ano, 12 mil pessoas se intoxicam com medicamentos
10/03/2014 08:52:13
A recepcionista Evonete Diniz, 41, teve dengue no ano passado. Com as típicas dores no corpo ocasionadas pela doença, ela aumentou as doses do analgésico Paracetamol. Tomando o medicamento a cada duas horas, não demorou para que Evonete sentisse os efeitos de uma intoxicação medicamentosa. ?Fiquei toda inchada e precisei ficar internada por um dia, tomando antialérgico e soro?, conta.
O caso de Evonete faz parte de um contingente de 60 mil intoxicações por medicamentos registradas no Brasil entre os anos de 2009 e 2013, segundo o bando de dados do Sistema Único de Saúde (DataSus), que não tem dados específicos sobre Minas. Em 2011, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), houve 29.105 registros de intoxicação medicamentosa ? um terço dos 98 mil casos de intoxicações gerais que aconteceram no Brasil, de acordo com o órgão. (Leia mais abaixo.)
Em Belo Horizonte, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência em atendimentos emergenciais, recebeu 44 pessoas intoxicadas por medicamentos em janeiro de 2014. Ao longo de todo o ano de 2013, foram 545: média de um caso e meio por dia. O Paracetamol, os descongestionantes nasais e os psicotrópicos são remédios que, mais comumente, causam intoxicação no país.
POR CONTA PRÓPRIA. O velho problema da automedicação é o causador da maior parte dos casos, segundo a farmacêutica Alessandra Russo, do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos, vinculado ao Conselho Federal de Farmácia (CFF). ?Três parâmetros devem ser observados quando a gente usa um medicamento: a necessidade ou não do uso, a dose e o tempo de tratamento. Quando um desses três parâmetros é desobedecido, o paciente vai começar a observar o exagero de algum efeito colateral até a intoxicação.?
A doméstica Jerusa Aparecida Ribeiro Maia, 29, agora entende que a automedicação é um fator de alto risco. Aos 16 anos, ela ficou em coma por causa do uso da Aspirina. ?Foram 16 dias no hospital e 13 no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Na minha cidade (Crucilândia, na região Central de Minas), me davam como morta.?
A auxiliar de secretaria escolar Denise Aparecida Honório, 34, se intoxicou com um antigripal, mas hoje toma cuidado antes de ingerir qualquer medicamento. ?Leio a bula e vejo a composição em qualquer remédio que tomo. Na época, tive que fazer lavagem estomacal?, explica ela.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai divulgar amplo estudo sobre o caso ainda neste mês.
Saiba mais
Suicídios. Segundo o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, tentativas de suicídio geram boa parte das intoxicações medicamentosas.
Definição. Tecnicamente, a intoxicação ocorre pela ingestão de grande quantidade de remédios. Porém, especialistas consideram a reação adversa aos medicamentos, mesmo que em pequenas doses, como intoxicação.
Crianças e idosos são grupos com maior risco de problemas
Crianças e idosos são os grupos que apresentam o maior risco de intoxicação por medicamentos. Os mais velhos já são normalmente um público mais exposto ao uso de remédios. Os pequenos podem ter a atenção chamada por pílulas coloridas, por exemplo, e ingerir medicamentos.
<CW-32>?O fato de as crianças terem peso menor as torna mais suscetíveis. Uma superdosagem acontece facilmente. Já o idoso toma remédio para mais, esquecendo-se de que já havia ingerido um medicamento?, explica a professora de farmacologia da PUC Minas, Virgínia Maria Vidigal Fernandes.
A especialista reforça a orientação para que os pais evitem deixar medicamento ao alcance de crianças.
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