Os pacientes têm o direito de atuar sobre a própria saúde, mas de maneira consciente e responsável
Ir à farmácia por conta própria é, muitas vezes, a primeira opção do brasileiro que pretende aliviar seus sintomas – principalmente, os mais comuns do dia a dia, advindos de gripes, viroses, dores de cabeça e de estômago, entre outros. O desejo em amenizar uma dor ou o medo de adquirir uma doença mais grave levam as pessoas a escolherem, entre inúmeras opções, o Medicamento Isento de Prescrição (MIP) mais indicado para conter os incômodos momentâneos.
É válido ressaltar que os pacientes têm o direito de atuar sobre a própria saúde, no entanto devem exercer esse direito de maneira consciente e responsável. Mesmo que os MIPs sejam liberados e considerados seguros, há sempre um risco, de proporções imensuráveis. Por isso, a orientação de um profissional especializado é fundamental.
A nova regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que pretende facilitar a transformação de medicamentos tarja vermelha em MIPs, aspira fortalecer ainda mais o mercado focado nesse tipo de medicamento
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antonio Carlos Lopes, a medida se apoio, principalmente, na deterioração do sistema de saúde. “Sabemos que a estrutura da rede pública no Brasil não tem capacidade de oferecer atendimento a toda a população. Os prontos-socorros estão lotados e os agendamentos de consulta nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nas Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) demoram muito, como também é verificado na medicina de grupo.”
Com isso, os profissionais de saúde acabam sendo obrigados a aceitar a chamada "automedicação permitida", quando a doença já foi diagnosticada por um médico, e o medicamento foi anteriormente prescrito. No entanto, é preciso repassar ao paciente a necessidade de ter cuidado. A automedicação está associada a uma ideia de praticidade, rapidez e auto cuidado, o que pode ser, muitas vezes, perigoso. Pode desencadear uma série de problemas, como o agravamento de doenças preexistentes ou interação com outros medicamentos, provocando efeitos colaterais muitas vezes desastrosos.
“Profissionais da saúde, farmacêuticos e balconistas necessitam de orientações adequadas para transmiti-las à população. É leviano liberar medicamentos sem oferecer, de forma clara e concisa, explicações e orientações que auxiliem o paciente no consumo daquela substância. Minimizar a automedicação ainda é uma realidade utópica, mas precisamos dar esses primeiros passos para colaborar com a saúde dos pacientes”, acredita Lopes.
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